Empresas de todo o planeta tem se preparado para encarar um futuro economicamente e ambientalmente sustentável, sobretudo em um momento de retomada pós-pandemia. Em Pernambuco, o Grupo Moura, uma das maiores fabricantes de baterias da América Latina, vem sendo exemplo de práticas que diminuem os impactos negativos ao meio ambiente. As mudanças não ficam restritas ao processo produtivo, mas chegam diretamente ao consumidor por meio dos produtos oferecidos pela marca.
A matriz energética da fabricante sediada em Belo Jardim, no Agreste pernambucano, passou a ser 100% renovável. Isso foi possível graças a uma parceria com a Casa dos Ventos, líder em desenvolvimento de parques eólicos no Brasil. O suprimento do consumo total de energia do Grupo Moura é feito pelo complexo eólico Rio do Ventos, no Rio Grande do Norte, como prevê o acordo. Com a guinada sustentável, os produtos saem da fábrica com energia renovável armazenada, o que é significa um importante passo na busca pela redução de gases poluentes na atmosfera. Com o uso da energia limpa durante o processo operacional a Moura deixa de emitir cerca de 60 mil toneladas de CO2 por ano.
O Grupo Moura tem trabalhado em conjunto com o Instituto de Tecnologia Edson Mororó Moura (ITEMM), para aprimorar seu processo de acumulação energética. O carro-chefe desse processo é o Battery Energy Storage System (BESS), uma alternativa sustentável que diminui a emissão de gases do efeito estufa e ainda proporciona mais segurança, eficiência e economia para indústrias, condomínios e estabelecimentos comerciais. A tecnologia utiliza baterias dedicadas à gestão e ao gerenciamento de energia, além de sistemas e ferramentas de combate a incêndios.
O Moura BESS pode ser armazenado em contêineres, salas de alvenaria ou ter até mesmo um formato personalizado. Além de otimizar a gestão energética dos estabelecimentos, a tecnologia ajuda na integração de usinas de geração por fontes renováveis com a rede elétrica e pode suprir a demanda em comunidades isoladas, por exemplo.
“É um ativo que contribui fortemente para o aumento da competitividade dos negócios de geração, transmissão e distribuição para comércios, indústrias e agronegócio em geral”, diz Spartacus Pedrosa, diretor do Instituto Tecnológico Edson Mororó Moura.
Apesar de se apresentar como uma boa opção em um futuro economicamente sustentável, o mercado de armazenamento de energia em grande escala ainda caminha a passos curtos no Brasil e na América Latina, assim como as tecnologias fotovoltaicas, que serão imprescindíveis nos próximos anos. A geração de energia a partir da queima de combustíveis ainda é uma realidade em muitas empresas, que acabam tendo custos mais elevados com essa matriz poluidora.
De acordo com o especialista, além do ganho ambiental, a mudança para o BESS pode trazer um retorno positivo a curto prazo, com redução de até 50% nos custos com eletricidade, devido sua autogestão. O BESS pode ser recarregado durante a madrugada e depois liberar a energia armazenada nas três horas de tarifa mais cara. A tecnologia já é utilizada em uma estação de tratamento de água da Compesa, localizada em Caruaru, no Agreste.
“Cada vez mais precisamos olhar para frente, nos questionando como será o nosso futuro e qual planeta queremos deixar para as próximas gerações. Estamos no limite no quesito sustentabilidade e é papel das empresas, institutos de pesquisa e universidades investir em ações capazes de garantir esse futuro de forma sustentável e segura. Por isso, para o Instituto, tocar essas pesquisas e soluções junto com a Moura é algo que está dentro das nossas metas e pilares empresariais”, destaca o diretor.
Eletrificação veicular
Apesar de finitos, os combustíveis fosseis continuam sendo o principal recurso utilizado para fazer o mundo que conhecemos girar. Essa dependência energética tem um prazo de validade, por isso algumas tecnologias que até então eram impensáveis ou muito distantes da realidade começam a fazer sentido, pois elas serão cruciais para a sobrevivência do planeta. Os carros elétricos já são realidade em vários países e a tendência e que se tornem cada vez mais populares também no Brasil.
Pensando nesse cenário do futuro próximo, o Grupo Moura e o ITEMM têm intensificado os estudos nesse campo, que exige antes de mais nada, tecnologia de ponta para proporcionar eficiência energética. “Temos um protótipo em nossas instalações para teste e aperfeiçoamento desse tipo de energia, que dentro de alguns meses vai poder ser vista com mais facilidade em veículos de passeio e nos pedados também, relata Spartacus Pedrosa.
O Grupo Moura faz parte do e-Consórcio, um projeto liderado pela Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO) voltado para a produção de caminhões elétricos no Brasil. A empresa pernambucana será a responsável por fornecer sistemas de baterias de lítio e seus componentes para os veículos da montadora.