Tendencias no cenário econômico para 2022

Tendencias no cenário econômico para 2022

Basta começar um novo ano que o mercado financeiro, investidores, empresários e todos os atores que fazem a roda da economia girar voltam seus olhos para as tendências do ciclo que se inicia. Apesar das previsões de especialistas baseadas em indicadores, 2022 tem tudo para ser um ano imprevisível. As projeções econômicas para este ano que já começou intenso foram discutidas no evento Análise Ceplan 2022.

É fato que não existe bola de cristal quando o assunto é economia, mas alguns sinais podem indicar o caminho nos cenários local, nacional e mundial. “Já começamos o ano com instabilidade no leste europeu e não sabemos até que ponto isso pode afetar o Brasil e Pernambuco, visto que estamos falando de um mundo globalizado. Também não podemos esquecer que estamos um ano eleitoral no país, o que, naturalmente, já traz uma certa apreensão entre os atores econômicos”, comenta o economista e sócio-diretor da Ceplan Consultoria, Jorge Jatobá.

Motivada por fatores externos e internos e pela crise sanitária da Covid-19, a tendência é que a economia brasileira continue sem dar grandes passos ao longo do ano. A inflação, que já consome boa parte da renda dos brasileiros, deve se manter em patamares elevados. “A gente acredita que ela vai subir já nos próximos meses, sobretudo por conta dessa guerra na Europa, pois você vai ter pressões inflacionárias sobre combustíveis, petróleo, gás e comodities. É esperado que a inflação fique acima de 5%, contrariando as expectativas do mercado. Com relação a taxa de juros, é possível que continue aumentado no decorrer do ano porque a inflação tende a subir. O mercado de trabalho também não deve retornar aos níveis pré-pandemia”, dispara o especialista.

Outro indicador importante é câmbio, que continua instável e deve permanecer nesse ritmo ainda por algum tempo. O dólar, principal moeda no mundo dos negócios, não deve ficar abaixo dos R$ 5. “O dólar é volátil e provavelmente vai continuar acima dos R$ 5 e a entrada de investimentos externos no Brasil pode ficar comprometida devido a crise ucraniana, pois em um momento de incerteza no mercado internacional todos procuram refúgio no dólar. A exceção é se o Brasil conseguir se diferenciar na atração de investimentos, mas em um ano eleitoral é muito improvável que isso aconteça”, afirma Jorge Jatobá.

Para Pernambuco, o ano é de focar nas tendências de crescimento do PIB. No ano passado, a soma das riquezas expandiu 2,4%. O estado anunciou um programa de investimentos em diversas áreas na ordem de R$5 bilhões, fruto de ajuste fiscal feito pela Secretaria da Fazenda. No entanto, na visão do especialista, é preciso um olhar mais atento ao desemprego. Pernambuco amarga taxas de desocupação mais altas que as médias regional e nacional.

Cenário pós-pandemia

O sócio-diretor da Ceplan é categórico e acredita que o mundo caminha para superar a pandemia da Covid-19, que deve se tornar uma doença endêmica e não trazer mais tantos prejuízos à economia como se viu nos últimos dois anos. Alguns sinais de recuperação já são sentidos em setores importantes.

“Ao que tudo indica tivemos o pico da omicron e estamos caminhando para virar a página. Temos como exemplo o setor de serviços que voltou com toda a força e continua em plena recuperação. Esse setor é responsável por 70% da economia brasileira e foi ele que puxou os indicadores no ano passado. Já é o reflexo da vacinação em massa e a volta das pessoas às suas atividades. Claro que isso não significa que a pandemia acabou, mas acredito que as grandes vão mesmo vir da situação no cenário internacional”, acrescenta Jatobá.

Fator eleições

Se existe um fator que causa apreensão em investidores e empresários é o processo eleitoral. Em um ano em que o cenário que se desenha é de polarização, com ideias antagônicas das duas partes envolvidas, os atores econômicos seguem em compasso de espera, mas atentos ao tabuleiro político.

“Eleições atrapalham porque existe um mar de incertezas sobre os rumos da economia pois teremos uma eleição polarizada, com plataformas distintas, o que traz essa apreensão e dúvidas que podem adiar decisões importantes, como as relacionadas a investimentos, por exemplo”, afirma Jorge Jatobá.

Outro desafio em um ano eleitoral é buscar o equilíbrio das contas públicas. “Abertura ou renúncia fiscal em um ano como esse pode piorar ainda mais a situação das contas públicas. Existe uma incerteza fiscal muito grande hoje no Brasil e o mercado teme sempre que surge uma aventura tributária ou fiscal, mas acredito que o bom senso vai prevalecer”, conclui o economista.