A revolução digital mudou a forma como nos relacionamos com as pessoas, compramos e acessamos serviços. Em mundo globalizado e altamente conectado, estar fora do digital não é mais uma opção para os negócios, sejam eles de grande ou pequeno porte. A necessidade de um olhar atento ao processo de digitalização foi um dos temas abordados na Análise Ceplan 2022.
A instabilidade no leste europeu deixa claro como ser banido dessa extensa rede de comunicação e tráfego de dados contínuo pode ser prejudicial para empresas e até grandes nações. É o que tem ocorrido com a Rússia, que desde que se tornou “persona non grata” para as grandes potências mundiais, por causa da invasão bélica à vizinha Ucrânia, tem sofrido sanções econômicas e digitais, que prejudicam todas as suas relações comerciais.
“A Rússia está sendo desmigrada do mundo, expulsa de muitas plataformas digitais e até do principal sistema bancário do planeta, ficando cada vez mais isolada. O digital tem esse poder, o mundo de hoje é conectado e não tem como fugir disso. Esse é o mundo em que vivemos hoje e precisamos nos adequar”, aponta Francisco Saboya, superintendente do Sebrae em Pernambuco.
A pandemia da Covid-19 foi a mola propulsora que ajudou a acelerar ainda mais o processo de revolução tecnológica vivenciado ao longo dos últimos 25 anos. Para Saboya, foi neste momento em que os novos modelos de negócios, focados no digital, ganharam força e mostraram que vieram para ficar.
“ Hoje o maior desafio do pequeno empresário é fazer sua própria transformação digital. O Sebrae atua de forma didática para apoiar essas pessoas e fazer com que elas migrem de forma eficiente para o digital. Enquanto o pequeno negócio estiver com a barriga encostada no balcão, esperando que o cliente passe na frente da loja dele e entre para fechar uma transação, enquanto essa mentalidade prevalecer, os microempreendedores terão sérias dificuldades pela frente. A internet está aí como grande aliada e com ela é possível explorar várias ferramentas, como as redes sociais e aplicativos de delivery, por exemplo”, afirma Saboya.
Ainda de acordo com o especialista, ficar em compasso de espera não é uma opção viável e pode custar a sobrevivência de alguns empreendimentos. “Os pequenos negócios têm sofrido uma concorrência pesada das empresas que fazem melhor uso dos artefatos digitais. Eles vêm sendo espancados todos os dias pelos negócios mais ousados e inovadores e precisam se capacitar para bater de frente com os grandes marketplaces”, dispara.
Mais da metade dos atendimentos realizados pelo Sebrae-PE no ano de 2021 foram em formato digital. Segundo a instituição, foram mais de 274 mil atendimentos, dos quais 128 mil para CNPJs únicos e 146 mil para pessoas físicas. Pouco mais de 50% tiveram ajuda pelos meios digitais disponíveis, de forma rápida e prática. “Estamos estimulando o pequeno a entender melhor esses pontos e a nossa intenção é ajudar nessa passagem do modelo de negócio analógico para o digital, de uma forma simples. Na hora em que ele adere a um pix, a uma maquineta de cartão, a um aplicativo de entrega, sem dúvida, já é uma transformação”, afirma o superintendente.
Incentivo às startups
Um dos símbolos do processo de transformação digital dos últimos anos é o surgimento das startups, modelos de negócio que têm a tecnologia em seu DNA. Responsáveis pelo desenvolvimento de ferramentas utilizadas todos os dias por milhares de pessoas, as startups viveram seu auge durante o “boom digital”, mas agora os novos projetos encontram dificuldades pelo caminho.
“As startups são as principais fontes de inovação do país. Existe um mercado de capital de risco que vem crescendo e está disposto a investir nesses projetos, mas a gente também percebe uma outra camada de startups que anda desassistida. Você tem um ambiente em que existem boas iniciativas, mas falta financiamento. Os programas públicos de incentivo praticamente não existem mais, reflexo da falta de empenho de agências de desenvolvimento nacionais, estaduais e municipais”, explica Chico Saboya.
Se o apoio não vem da esfera pública, como antes, o que resta é o investimento fruto da iniciativa privada, mas que causa impactos negativos, como o aumento do ticket médio das startups, por exemplo. “Existe um mercado privado mais agressivo que está fazendo a sua parte, mas ele mira apenas as empresas de tração para cima. Se hoje você não investe na base, terá dificuldade lá na frente de ter uma empresa vistosa para o mercado privado de investimento de capital de risco. Estamos nos movimentando para ver como o Sebrae, junto com a Adepe e o Porto Digital podem suprir essa grande lacuna”, completa o superintendente.